20.12.09

Dinner in the Sky no Rio de Janeiro

Uma das coisas que lamento muitíssimo nessa vida é o fato de não virmos ao mundo com um par de asas e precisarmos lançar mão de teleféricos, aviões e balões pra tentar chegar perto do que sente um pássaro em pleno vôo... Esse é um sentimento que me acompanha: o eterno desejo de estar nas alturas, sem amarras, vivenciando a liberdade em sua expressão máxima. Muitas vezes, o medo acaba me impedindo de me entregar a esses simulacros que temos à nossa disposição. A última segunda-feira, felizmente, não foi um desses dias.

Naquela noite, o medo não me venceu e eu jantei nas alturas. Vocês podem imaginar com que entusiasmo recebi o convite da Malagueta Comunicação para participar da edição carioca do Dinner in the Sky e me juntar ao grupo que seria içado, no Pier Mauá, por um guindaste, nesta segunda-feira, para jantar a 50 metros do chão.

Cheguei cedo e pude acompanhar o passo-a-passo do evento. Horas antes, o chef e sua equipe pré-preparam todos os pratos numa cozinha bem montada em terra-firme. Depois de tudo engatilhado, prepara-se o balcão onde o jantar será servido, alguns minutos e muitos metros depois...

Aí, então, começa o procedimento de amarrar todo mundo bem amarradinho pra subir em segurança. A começar pelo chef...

O chef da vez era o simpaticíssimo Roberto Ravióli (cujo bom-humor, aliás, ajudou a quebrar a tensão da subida...), que teve, ainda, a colaboração de Fred Frank. Chefs devidamente amarrados, é hora de acomodar os comensais e “levantar voo”. Timidamente, a Baía de Guanabara começa a se descortinar...

De repente, a paisagem se entrega inteiramente, sem pudores, diante de nossos olhos tensos, incrédulos e excitados...

O semblante nervoso começa a dar lugar a expressões mais descontraídas. Terminada a subida, os sorrisos tomam conta do cenário...

Pronto. Já podemos pensar em comida. Os pratos pré-preparados lá embaixo, são finalizados cá em cima, diante de olhares atentos. E aí, instala-se um risco: o de conseguir bons resultados gastronômicos numa estrutura improvisada. Roberto Ravióli não achou fácil não... Mas teve talento, presença de espírito e jogo de cintura suficientes pra dar conta do recado.

E nos proporcionou um jantar de quatro passos. Salada de frutos do mar. Raviolone de espinafre, ricota e gema de ovo caipira. Stracotto com polenta. Tiramisù pra finalizar. Dentro das muitas restrições que sofre um chef a 50 metros do chão, pode-se dizer que foi um belo jantar...

De volta a terra firme, eu diria que é, de fato, uma experiência única (embora 50 metros tenham sido pouco pra quem tem sede de altura, como eu; encararia, facilmente, mais 50...). Mas que tem contra si o fato de o processo ser todo muito lento. Até dia 18, os jantares foram fechados para convidados. De 19 a 23 de dezembro, estarão abertos ao público, com convites vendidos a R$600,00. Tomara que, aos poucos, o espetáculo tenha acertado melhor o timing. Caso contrário, os comensais talvez tenham tempo suficiente para que a adrenalina dê lugar ao tédio, o que seria mortal num evento como esse...

Dinner in the Sky/Brasil
http://www.dinnerinthesky.com.br


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13.12.09

Bazzar: charme cosmopolita e leveza carioca

O Bazzar é um restaurante que me traz a sensação de que poderia estar em São Paulo, em Buenos Aires, em Nova Iorque ou em Londres... Não por falta de identidade, mas pelo ar moderno e cosmopolita, tão presente nestas cidades. Poderia estar em qualquer lugar, mas, felizmente, está aqui pertinho, em Ipanema. E isso também fica claro no ambiente da casa, na luz natural que invade o salão, nas belas palmeiras. É elegante sem perder a leveza. Um belo restaurante.

O melhor é que seus predicados não se encerram no ambiente. A casa serve boa comida. Focaccias e ciabattas passeiam quentinhas por entre as mesas. As torradas de focaccia, então, são viciantes. Pra acompanhar, manteiga com funghi e azeites temperados na casa: o de pimentões vermelhos é qualquer coisa. Eu, que sou louca por pães, ainda mais se acompanhados de azeite, costumo perder a linha...

Na última vez em que estive por lá, um dos pedidos foi o risotto de Grana Padano com folhas de mostarda e crocantes de presunto de Parma, leve e saboroso. O peito de pato acompanhado de banana-da-terra com cebolas crocantes e couve frita e, ainda, panquequinhas de baroa, também estava uma delícia.

Quanto à sobremesa, fiquei com o delicado sorbet de figos com nozes, fornecido à casa pela Sorvete Brasil – entre os sabores da marca, este é o meu favorito, portanto nem pestanejei. No Bazzar, ele vem com a bossa de um banho de champanhe na taça em que é servido. Um charme.

Bazzar - Rua Barão da Torre 538 – Ipanema
www.bazzar.com.br


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30.11.09

Espírito Santa: charme informal em Santa Teresa



Considero Santa Teresa um dos cantos mais charmosos do Rio. Adoro andar por aquelas ladeiras repletas de lindas casas antigas, emolduradas pelo verde da mata, e de onde se descortinam as mais belas vistas da cidade. Sem falar no bondinho que dá um toque especial no cenário

Entre as mesas do bairro, o Espírito Santa é uma boa dica prum almoço despretensioso. O restaurante da chef amazonense Natacha Fink é inteiramente dedicado aos sabores brasileiros, em especial do Norte e do Nordeste. O ambiente é deliciosamente informal, do jeito que o carioca gosta. A varanda nos fundos permite-nos almoçar na companhia de micos e passarinhos, avistando o bucólico casario do bairro.

Aviso aos navegantes: o serviço é simpático, mas meio amador, extremamente lento. Mas, numa ociosa tarde de domingo, vale deixar isso de lado e embarcar na viagem de sabores que Natacha propõe em sua casa. Conselho que dou: os petiscos são o melhor da casa. São tão bons que, muitas vezes, acabo ficando só neles. É o caso dos imperdíveis bolinhos de aipim com queijo coalho, que chegam à mesa acompanhados de um gostoso chutney de açaí. Incríveis também as Trouxinhas de Axé: pacotinhos de um delicioso vatapá de camarão, embrulhado e assado na folha. Vêm com uma crocante farofinha de farinha d’água.

E um dos meus favoritos, a Feijoada de Rolo: feijoada frita, envolta numa delicada massa crocante. Enlouquecedora!


Espírito Santa - Rua Almirante Alexandrino casa 264 – Largo dos Guimarães
http://www.espiritosanta.com.br


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17.11.09

Líquido: leveza carioca

O pequeno restaurante Líquido já começa bem pelo endereço: rua Barão da Torre, de frente pra Praça Nossa Senhora da Paz, que considero uma das mais encantadoras do Rio.

Tanto no ambiente, como no cardápio, reinam informalidade e despretensão. Lugar pra ir com o espírito (e o figurino) livre, leve e solto. Desses onde havaianas no pé são bem-vindas. Carioquíssimo!

Embora haja saladas, pratos e sanduíches, ainda acho que o hit do cardápio são as dosas, uma espécie de crepe indiano feito com uma mistura de farinha de arroz e farinha de lentilha, sem glúten. Leves, crocantes, deliciosas.

Outra vedete da casa são os sucos (há os batidos, os centrifugados, os combinados e os funcionais – ufa!) e smoothies. O suco de framboesa com morango e tangerina é ótimo. O de abacaxi com limão e uva verde, simplesmente sensacional. O smoothie Guavana (goiaba, tâmaras, sorvete de goiaba e água de coco) é outro de tirar do sério. Idem o de manga com gengibre. Outro detalhe interessante: há uma carta de chás orgânicos, quentes e gelados.

Eu diria que, num dia de sol no Rio de Janeiro, o Líquido é um pós-praia perfeito...

Líquido - Rua Barão da Torre 398 A - Ipanema

4.11.09

Pousada da Alcobaça: paraíso a uma hora de carro do Rio



A Pousada da Alcobaça, encantador refúgio em Corrêas, é uma das mais magníficas propriedades da serra fluminense. Daquelas de fazer sonhar. E de causar inveja boa, vontade de construir uma casa com tamanhos charme e personalidade... Vontade de ter talento pra projetar um jardim daqueles... O casarão do início do século XX, com ares de fazenda, rodeado do verde exuberante da Mata Atlântica, conquista à primeira vista aqueles que adentram seus portões. A estrutura em madeira, o pé direito alto, os objetos antigos fazem da casa um convite a uma viagem no tempo.

A bela cozinha e o salão do restaurante da pousada, aberto ao público, mantêm a atmosfera que remete ao passado: grandes bancadas de madeira, lindas panelas de cobre, mesas cobertas com toalhas em xadrez vermelho e branco, amplas janelas com vista para o majestoso jardim... Aliás, reservando com antecedência, é possível sentar-se ao ar livre e almoçar mergulhado num dos mais belos cenários que se possa imaginar.

Por trás de tudo isso, a proprietária, Laura Góes, do alto de seus quase 80 anos, continua comandando o show. Circula por entre as mesas com leveza e simpatia, checando se tudo está em ordem.

Neste contexto é possível saborear, todo sábado, uma feijoada sensacional. Não tenho como transmitir aqui aromas e sabores, mas estou certa de que o colorido da mesa já dá uma idéia do que é o almoço por lá... Feijão impecável, couve verdinha, aipim na manteiga, farofinha crocante, purê de abóbora delicioso...

Quando pensamos ter chegado aos nossos limites de orgia gastronômica, eis que nos é oferecido um belíssimo bolo de nozes com doce de ovos. Não foi possível resistir.

Depois de tudo isso, é obrigatório um passeio pelos fabulosos jardins da casa. Árvores e flores as mais lindas e até um lago de ninféias são de fazer suspirar mesmo o menos romântico dos mortais.

Andando mais um pouquinho chega-se à bela horta de dona Laura.

Eu, que sou urbana até o último fio de cabelo (mas nem por isso menos fascinada pelos encantos da natureza), admiro profundamente pessoas que, como dona Laura, são capazes de abandonar o burburinho da cidade grande e lançar-se na vida do campo, aproximando-se do que pode haver de mais essencial na existência. O mundo precisa de gente assim.


Pousada da Alcobaça - Rua Agostinho Goulão 298 – Corrêas
www.pousadadaalcobaca.com.br


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